A série de telefilmes The Hollow Crown é uma adaptação da obra de Willian Shakespeare para a TV que apresenta a história e trajetória de 3 reis da Inglaterra: Ricardo II, Henrique IV e Henrique V. Produzida por Sam Mendes (Beleza Americana), a série de 4 episódios com mais ou menos 2 horas de duração, teve o apoio da BBC2 e da Universal, contando com um grande elenco.
O primeiro episódio inicia com Ricardo II, interpretado pelo ator Ben Whishaw que grandiosamente dá um show de interpretação com perfeição e maestria. Sua história começa no ano de 1399 com o monarca decidindo uma disputa entre seu primo Henry Bolingbroke (Rory Kinnear) e Thomas Mowbray (James Purefoy), com posterior expulsão e confisco de bens e terras de ambos. A atitude de Ricardo II é resultado da sugestão de seus conselheiros para levantar fundos ao seu reinado.
Henry retorna para reclamar seus direitos no momento em que Ricardo se ausentara do reino por causa da Guerra na Irlanda. Mas ao retornar da guerra, o monarca é informado do ocorrido e se desespera com um discurso um tanto poético e dramático.
Ricardo II encara sua sorte: rende-se, humilhado é deposto do trono e é sucedido por seu primo assistindo a coroação do novo monarca sob o título de Henrique IV. A cena da coroação possui uma carga dramática muito forte, mas não por causa do novo rei cuja expressividade é rasa ou mesmo ausente para um conquistador que veio tomar posse pelo que é seu de direito. E sim pelo próprio Ben Whishaw que mesmo perdendo o trono não perdeu a majestade com um discurso martirizado e despido de luxo que antes lhe era característico. Seu choro e agonia marca a derrota de um soberano, o qual é levado à prisão onde é mais uma vez humilhado finalizando com sua morte arquitetada por um traidor chamado Aumerle. Esse é o triste fim de Ricardo II.
O 2º e 3º episódios tratam do reinado de Henrique IV já idoso e interpretado dessa vez por Jeremy Irons. Muda o ator, mas a inexpressividade continua, claro que um pouco menos.
Sem ostentação como o seu antecessor, o soberano se preocupa com o herdeiro do trono, vivido por Tom Hiddleston (o eterno Loki de os Vingadores e Thor) que é um jovem propenso às farras, vivendo em tabernas, sempre bêbado e debochando de seu pai com seus companheiros, entre eles o velho Falstaff.
Henrique IV lamenta por seu filho não ser responsável e bravo como o conquistador Percy, um jovem arrogante que se enfurece facilmente com o rei quando este não dá tanto crédito ao seus feitos. Diante dessa situação, Percy começa a tramar contra o rei transformando-se em um traidor com sede de vingança.
Na iminência de uma guerra, Henrique IV repreende seu filho que sempre está alheio ao que acontece e conta o que está por vir. Tal atitude dá certo e o jovem Henrique recruta homens para guerrear com ele e seu pai.
Indo ao 3ª episódio, o jovem Henrique começa a se distanciar dos companheiros e se dá conta que eles não são seus amigos de verdade. Tom Hiddleston ganha um grande destaque nos 3 últimos episódios. Sua interpretação possui contornos variados que vai desde um fanfarrão, soberano responsável e até um cavalheiro romântico desajeitado.
Neste episódio, Henrique IV está com a saúde bem debilitada culminando em sua morte. Então o jovem assume a coroa como Henrique V deixando de lado a vida mundana e revestindo-se com total autoridade. Henrique V condena os trapaceiros, desfaz de vez suas antigas amizades e mantém ordem no reino surpreendo a todos, até mesmo o velho Falstaff que pensou em obter vantagens com o jovem agora monarca. No entanto, percebe que o jovem já não é mais aquele irresponsável de antes, pois está revestido de autoridade e respeito.
O 4º e último episódio é mais agitado com ação, romance e um toque final triste. Encerrando a série, Tom Hiddleston só confirmou o que tem mostrado nos episódios anteriores: talento. O seu reinado foi curto e excelente. Surpreendeu a todos, pois de irresponsável agora é um homem sério dotado de justiça, simplicidade e fidelidade ao povo com bons princípios e temente a Deus. Em troca de sua forma de governar o reino, ele recebe do povo, do clero e dos nobres, respeito e lealdade dos súditos que o cercam.
O novo soberano conhece bem as necessidades do povo e os problemas que afetam o reino, uma vez que durante sua vida desregrada conheceu de perto as mazelas que sempre assolou a população. Entretanto, suas pretensões políticas ainda são mal vistas com descrédito por outros monarcas (inclusive pela França) que debocham dele devido à fama que adquirira no passado. Tal fato faz com que Henrique V seja levado a guerra contra a França.
Para enfrentar esta batalha, o soberano escuta os seus conselheiros e com um bom contingente avança para o confronto. No entanto, durante a guerra sua tropa é reduzida e os poucos que lhe restam já estão desanimados e sem condições físicas. É aí que a humildade personificada entra em cena na figura de Henrique que disfarçado conversa com cada soldado encorajando-os para enfrentar a difícil missão. E na manhã do dia de São Crispim, o rei se prostra a Deus para dedicar-Lhe sua vitória numa súplica humilde e faz um discurso encorajador para despertar ânimo em seus homens marcados pelo esgotamento físico.
Tropa reduzida, mas batalha ganha conhecida como
batalha de Azincourt. Henrique V com boas estratégias vence a guerra contra a França e entra no país com seus súditos apaziguando o povo local e assumindo o trono francês mediante ao tratado assinado com o rei CarlosVI da França e também através do casamento com a princesa Catarina de Valois.
A cena de Henrique se apresentando à princesa é engraçada e romântica, pois com idiomas diferentes eles tentam estabelecer um diálogo. Claro, que a dama de companhia de Catarina auxilia ambos, já que ela sabe um pouco de inglês, mas mesmo assim não deixa de cair na graça. É um dos momentos tranquilos e um boa chance de ver o lado romântico no nobre inglês se declarando a jovem princesa que tímida parece que suspira só de olhar nos olhos azuis cintilantes de Henrique V.
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“Oh, Kate,
os costumes se curvam aos grandes reis!” |
Enfim, é uma tele-série de grandíssima qualidade e que dá uma base de como foi a monarquia britânica em seu contexto na figura desses três soberanos imortalizados na obra de Shakespeare. A linguagem e o diálogo em si é bem complexo (porém compreensível) e rebuscado, poético precisamente, mas é uma obra prima de deixar o telespectador boquiaberto pela beleza de cenários, figurinos e grandes interpretações.
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